sábado, 10 de novembro de 2012

Funções sintáticas dos sintagmas autônomos ou internos

A partir da classificação dos sintagmas em autônomos ou internos, passamos a verificar as funções sintáticas (algumas já apresentadas) desses sintagmas na oração.

Como já foi visto, os sintagmas autônomos são os que podem ser deslocados no eixo sintagmático da oração, portanto, podemos, a grosso modo, dizer que eles “têm vida própria”. É o que acontece com sintagmas que têm a função de sujeito, de objeto (direto ou indireto), de predicativo (do sujeito ou do objeto), de agente da passiva, de adjunto adverbial, de aposto e de vocativo.

Quanto aos sintagmas internos, estes se encontram subordinados a outros sintagmas, visto que se encontram dentro deles e, por isso, não podem ser deslocados na oração. É o caso do adjunto adnominal e do complemento nominal.

Dentre os autônomos, ainda não tratamos de alguns que serão apresentados a seguir, como o agente da passiva, o aposto e ovocativo. Os demais se encontram já descritos anteriormente.

Quando a oração encontra-se na voz passiva, há um novo constituinte dessa oração, que se denomina agente da passiva. Vejamos o exemplo que segue.

(1) O espetáculo foi apresentado pelo locutor.

No exemplo, temos como sujeito “o espetáculo”. Todavia, essa oração encontra-se na voz passiva analítica, em que a estrutura é: sujeito + verbo auxiliar + verbo principal na forma nominal particípio + agente da passiva.

Portanto, o sintagma “pelo locutor” tem a função de agente da passiva. As características desse sintagma são: sintagma preposicionado, introduzido pela preposição por (pelo = per < por + o), autônomo.

Vejamos, então, as funções de aposto e vocativo dos sintagmas autônomos, as quais ainda não foram tratadas. Segundo a gramática tradicional, esses termos são acessórios na oração. 

aposto é representado, geralmente, por um sintagma de natureza substantiva e ele tem a função de explicar, resumir ou desenvolver outro termo sintático já existente na oração. Muitas vezes ele é confundido com o sujeito ou com o predicativo do sujeito. Vejamos nos exemplos como ele pode apresentar-se.

(2) Brasília, a capital do Brasil, é uma cidade plana.

(3) Crianças, jovens, adultos, todos, pareciam muito irritados.

No exemplo (2), o sintagma que representa o aposto é “a capital do Brasil”. Nessa oração, o sujeito é “Brasília”, portanto o aposto está retomando o sujeito, seria dispensável, daí a sua característica de termo acessório. O sintagma tem como núcleo “capital”, portanto é de base morfológica substantiva e é autônomo, sendo destacado, inclusive, pela pontuação.

Quanto ao exemplo (3), neste o termo “todos” resume todos os outros que representam o sujeito “crianças, jovens, adultos”. Ele seria também dispensável na oração. Assim como no exemplo anterior, é um sintagma de natureza substantiva, autônomo e um complemento não obrigatório na oração.

A natureza substantiva do sintagma que representa o aposto é uma das características que o diferencia do predicativo do sujeito, cujo sintagma é de natureza adjetiva.

Outro termo representado por sintagma autônomo, porém não necessário em uma oração, é o vocativo. Esse termo tem por função apenas invocar, chamar a atenção do interlocutor. O sintagma que o representa é de natureza substantiva e, assim como o aposto, é destacado pela pontuação, tornando-o isolado na oração; por isso muitas vezes os dois termos são confundidos em sua classificação. Vejamos um exemplo.

(4) Meu filho, seja forte nessa hora.

O sujeito no exemplo (4) encontra-se oculto e pode ser identificado como “você”. Então, o sintagma “meu filho” representa a forma utilizada para chamar a atenção do interlocutor. Sendo assim, trata-se do vocativo da oração, que seria desnecessário na sua estrutura.

Tendo tratado dos sintagmas autônomos, resta-nos tratar dos sintagmas internos que ainda não foram descritos, ou seja, do adjunto adnominal e do complemento nominal.

Assim como o aposto e o vocativo, o adjunto adnominal é acessório, isto é, embora seja um sintagma interno (está subordinado a outro sintagma), ele não é um complemento obrigatório na oração.

Além disso, outra característica desse termo é que, por ser um sintagma interno, está sempre preso a um núcleo substantivo. Portanto, uma oração pode apresentar tantos adjuntos adnominais quantos forem os núcleos substantivos.

Do ponto de vista morfológico, os adjuntos adnominais são representados por determinantes ou modificadores do substantivo. Vejamos exemplos.

(5) As duas meninas de azul oferecerem uma rosa à mulher de preto.

Nesse exemplo (5), vamos, primeiramente, isolar os sintagmas autônomos que tenham como núcleo substantivos. São eles:

(a) As duas meninas de azul
(b) uma rosa
(c) à mulher de preto

Em (a) o núcleo é “meninas”, portanto, “as”, “duas” e “de azul” são adjuntos adnominais, pois o primeiro termo determina o gênero e o número do substantivo, enquanto o segundo quantifica-o e o terceiro modifica-o.

No sintagma (b), o núcleo é o substantivo “rosa”, cujo gênero e número são determinados por “uma”, que representa o adjunto adnominal.

E no sintagma (c), para o núcleo “mulher”, temos como adjuntos adnominais “à” (contração da preposição a (=para) + artigo a) - lembrando que a preposição é apenas um relator, não tem função sintática – e o sintagma “de preto”, que tem a função de modificador do substantivo.

complemento nominal, embora seja também um sintagma interno, diferencia-se do adjunto adnominal por ser um complemento obrigatório, semelhante aos complementos verbais – objeto direto e objeto indireto.

Esse termo é sempre representado por um sintagma preposicionado (interno) exigido para complementar o sentido de algum termo da oração que seja representado por um substantivo, adjetivo ou advérbio, regidos de preposição.

Quando ele complementa um substantivo, pode ser confundido como o adjunto adnominal. Por isso, nesse caso, o valor semântico pode ser mais decisivo para a classificação de um ou outro. Entretanto, uma característica acentuada é o complemento nominal ser uma nominalização de um verbo transitivo, o que, todavia, não assegura a sua classificação em casos polêmicos.

Vejamos alguns exemplos.

(6) O retorno dos amigos é sempre uma alegria.
(7) Você foi a salvação de todos.
(8) A saída do show foi tumultuada.
(9) Vamos ouvir a execução da sentença.

Nos exemplos anteriores, podemos transformar os nomes em verbos: em (6), temos “os amigos retornaram”; em (7), “todos se salvaram”; em (8), “saíram do show”; em (9), “a sentença executou-se (ou foi executada)”. Então, em cada exemplo, respectivamente, os complementos nominais são: “dos amigos”, “de todos”, “do show” e “da sentença”.

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