sábado, 10 de novembro de 2012

Orações subordinadas

Seguindo o critério apresentado inicialmente, de relacionar as orações subordinadas às funções exercidas pelos sintagmas que as representam, segundo propõe Sautchuk (2004), uma oração adjetiva tem a função que um sintagma adjetival teria em um período simples, as quais são de predicativo ou de adjunto adnominal.

Para exemplificarmos, vamos iniciar por um período simples e depois faremos sua correspondência a um período composto.

(6) O pedestre, muito tranquilo, atravessou a rua tumultuada.

No exemplo (6), temos dois sintagmas de natureza adjetiva. O primeiro é um sintagma autônomo, “muito tranquilo” e o segundo é um sintagma adjetival interno ao sintagma nominal “a rua tumultuada”.

Observemos que uma forma de diferenciar o predicativo do adjunto adnominal é essa característica do sintagma ser autônomo ou interno. Ambos sintagmas adjetivais têm a função de modificadores do substantivo, mas um constitui um sintagma independente e o outro encontra-se dentro de outro sintagma.

Essa característica diferenciadora assegura-nos a classificação de predicativo do sujeito para o sintagma autônomo “muito tranquilo” e de adjunto adnominal para “tumultuada” no sintagma “a rua tumultuada”.

Esse mesmo período poderia ser transformado em um período composto:

O pedestre, que estava tranquilo, atravessou a rua que era tumultuada.

Apesar da nova construção do período, manteve-se seu sentido e a classificação para as orações é de subordinada adjetiva explicativa para a primeira e de subordinada adjetiva restritiva para a segunda.

A primeira oração, adjetiva explicativa, assim como o predicativo do sujeito, corresponde a um sintagma autônomo, de natureza adjetiva. Já a segunda, adjetiva restritiva, corresponde a um sintagma adjetival interno.

Do ponto de vista semântico, como afirma Sautchuk (2004, p.123):

Tanto no período simples como no composto, o predicativo do sujeito e a oração adjetiva explicativa indicam um estado ou uma característica acidental do núcleo (...); o adjunto adnominal e a oração restritiva indicam uma característica intrínseca ao núcleo. 

Como o sintagma que corresponde ao predicativo é independente, autônomo, da mesma forma a oração adjetiva explicativa destaca-se na oração pelo seu isolamento e isso é marcado pela pontuação, como o uso de vírgulas, por exemplo.

Já a oração adjetiva restritiva, como o sintagma equivalente (adjunto adnominal), não se apresenta isolada, ao contrário, está diretamente ligada a um núcleo substantivo e, por isso, não se coloca entre vírgulas (ou outro tipo de pontuação que a isole).

Alguns gramáticos até denominam as orações adjetivas de relativas, pelo fato delas serem introduzidas por um pronome relativo (que, quem, o(a) qual, os(as) quais, cujo(a), cujos(as), onde).

O pronome relativo, por sua característica anafórica, ou seja, de retomada de um termo antecedente, exerce sempre uma função sintática na oração que introduz.

(7) Encontrei o vídeo que procurava.

No exemplo (7), “que” é o pronome relativo que introduz a oração adjetiva restritiva “que procurava”. Esse pronome pode, inclusive, ser substituído por “o qual”. Além disso, está retomando “o vídeo”, sintagma da oração anterior que tem a função de objeto direto. Então, se substituíssemos o pronome relativo pelo sintagma anterior, como se fosse um período simples, a oração assim ficaria:

Procurava o vídeo.

Nessa oração transformada, “o vídeo” complementa o verbo “procurava”, para o qual o sujeito está oculto (eu). Portanto, “que” na oração tem a função de objeto direto.

Orações subordinadas adverbiais

As orações adverbiais, assim como os sintagmas adverbiais, têm a função de modificar o verbo, indicando-lhe uma circunstância. Dessa forma, essas orações classificam-se de acordo com a circunstância que indicarem em relação à oração principal.  

Por exemplo, se tivéssemos a seguinte oração:

O cão dorme tranquilo.

Poderíamos acrescentar-lhe circunstâncias em forma de orações:

(8) Enquanto varro a sala, o cão dorme tranquilo.
(9) O cão dorme tranquilo onde há uma cama.
(10) O cão dorme tranquilo porque está cansado.
(11) Apesar de ser dia, o cão dorme tranquilo.

Observando cada exemplo, vejamos as circunstâncias que cada oração acrescentada (que forma com a principal um período composto) indica para classificá-las.

No exemplo (8), a oração “enquanto varro a sala” indica uma circunstância de tempo em relação à principal, por isso a sua classificação é de subordinada adverbial temporal.

Da mesma forma, no exemplo (9), a oração “onde há uma cama” indica o local da ação da oração principal, daí sua classificação em subordinada adverbial locativa.

Já no exemplo (10), a circunstância indicada pela oração subordinada é de causa em relação à informação da oração principal, por isso trata-se de uma adverbial causal.

Finalmente, no exemplo (11) há ideia de concessão (ou contradição na lógica) introduzida pela oração. Esta se classifica como oração subordinada adverbial concessiva.

Assim, é a ideia circunstancial que determinará a classificação desse tipo de oração, como pudemos observar em cada exemplo. Essa ideia, se estivesse expressa em período simples, seria estabelecida pela relação sintática de um adjunto adverbial na oração. É por esse motivo que as orações desse grupo são denominadas adverbiais.

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